sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

Na escuridão do pântano

A noite estava escura e sombria. Somente os relâmpagos iluminavam ao redor, anunciando a breve chegada de uma terrível tempestade. Sem saber explicar, Izzy se encontrava boiando numa enorme poça barrenta. Quando conseguiu assimilar tudo o que havia acontecido, apoiou-se nos cipós para conseguir sair. A lama negra estava por todo o seu corpo, tingindo seu uniforme escolar. Por mais que se esforçasse, não conseguia retirar por completo aquela densa lama preta. Com a ajuda dos raios, conseguia ver mais ou menos o que estava a sua volta.
- Onde eu estou! – gritava a moça em profundo desespero.
Sua voz ecoava, tornando a paisagem ainda mais horrível. O pavor foi tomando conta de seu coração. Não havia ninguém, nada além daquelas sombras de árvores que mais pareciam criaturas horrendas. Que tipos de animais se arrastariam por aquelas matas? – esse pensamento incitava mais ainda o pavor, que já não era pequeno.
Os estrondos dos trovões começavam a se intensificar e os clarões refletiam a mata como se fossem figuras sombrosas. A chuva começou a cair gelada. Cada gota que tocava sua pele, a fazia recordar ainda mais do conforto de sua casa. A cada passo, seus pés afundavam ainda mais no solo lamacento. Ajuda, naquele momento, parecia mais um conto de fadas.
As lágrimas escorriam pelo seu rosto, enquanto caminhava sem rumo. Se via sozinha e sem fazer a menor idéia de onde estava. Desejava não estar ali. Pensava em sua cama que era tão quentinha e em sua mãe, que sempre preparava coisas tão deliciosas na hora do jantar. Mesmo que o cardápio fosse simples, era o mais gostoso, pois ela tinha o dom de transformar algo comum em especial.
Deviam estar preocupados! Desesperados a minha procura! – pensava a garota. Nunca havia ficado fora de casa por tanto tempo.
- Por que eu? Por que tive que ir até aquele lago idiota? – sussurrava consigo mesma.
Aquilo era um pesadelo e tudo o que Izzy mais almejava era acordar. Seu corpo se tornava cada vez mais pesado. Sua visão estava turva. Não queria se entregar, mas, por mais que se quisesse, já não tinha mais forças para continuar a lutar contra o infortúnio. Cedeu à força da gravidade sem nem sentir o impacto. Seu corpo estava anestesiado pela chuva fria.
Em meio ao delírio, uma visão tomou os pensamentos da jovem. Já havia visto esses acontecimentos antes. Sim. Era a mesma visão que contemplara no lago. Bem mais intensa e real. Os gritos daquelas pessoas soavam aos ouvidos de Izzy como raios. Já não queria mais ver aquilo. Não queria ouvir aquelas vozes. O que uma garota como ela poderia fazer para impedir tamanho sofrimento? Não conseguia nem mesmo mover seu corpo que se encontrava estirado no lamaçal.
Aos poucos, outra imagem se formava. Não conseguia definir muito bem. Assemelhava-se a uma espécie de pêndulo. Lentamente a figura de um homem surgia por trás daquele pêndulo. Seu olhar era gentil, porém triste. Notava-se que tentava sorrir enquanto chorava. Parecia uma imagem familiar, mas não se lembrava de ter visto tal homem em toda sua vida. A imagem se tornara nítida. Não era um pêndulo e sim um enorme pingente. Ele possuía um medalhão, com um pingente no formato de esfera em volta do pescoço. Ela esticava seu braço para tocar o medalhão, mas não conseguia alcançá-lo.
Abriu os olhos e, quando outro clarão iluminou ao derredor, viu uma sombra misteriosa em pé, na sua frente. Não sabia definir se aquilo era real ou não. Se havia mesmo alguém ali parado ou não. Antes que tirasse essa dúvida, escureceu-lhe novamente a vista. Izzy perdeu os sentidos antes de descobrir que, aquela “sombra” era real até de mais.

2 comentários:

Samuel Medina (Nerito Samedi) disse...

Suspense no ar! Me lembrei de História sem Fim, quando Artreiro fica preso no Pântano da melancolia (acho que esse é o nome)
Cenário muito legal. A narrativa está ótima e esse suspense no final deixa a gente doido pra que o próximo capítulo chegue logo. Incrível! ^_^

Anônimo disse...

Já pensou se o corceu acha essa menina ai... a história acaba!!!! rsssss, ou não, né??? o eliot poderia salvá-la!!!! alias, cade o eliot???? to com saudade já!!!