quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

O retorno

Sentia que seu corpo já não obedecia mais aos seus comandos. Sabia que estava caindo. Mas para onde? Quem poderia saber? Era, na verdade, uma grande queda. Ainda sentia o vento. Ainda podia ver a luz. Seu corpo apenas caia em câmera lenta. Quando sentiria a sensação da água?
Lentamente a sensação foi mudando de queda para mergulho. E a escuridão tomou conta de sua visão por completo. Tudo o que ouvia, agora, eram aquelas vozes chamando por seu nome, como se fossem inúmeras orações.
Quem somos? De onde viemos? E para onde vamos? Pareciam perguntas tão sem significado agora. Que pensamento, esforço ou capacidade humana poderia evitar o que era inevitável? Izzy sabia que logo chegaria a algum lugar. A pergunta maior era: o que encontraria lá?
A escuridão começava a se dissipar. Podia ver novamente. Ver os raios de luz dentro da água. Tudo o que tinha que fazer era nadar até a superfície. O alívio tomou conta de seu coração. Havia uma saída. Nadou desesperadamente até chegar à superfície. Inspirou com tanta alegria, que parecia ser o ar o bem mais importante que um dia já tivera. Porém a luz incomodava-lhe. Era forte demais. Aos poucos, suas frágeis pupilas iam se acostumando com aquele brilho ofuscante.
Olhou ao redor e viu homens vestidos de branco, ajoelhados em volta do lago. Todos estavam com a cabeça baixa, como se não ousassem olhar para o que se encontrava diante deles.
Onde estou? – pensou atordoada.
- Está em Kirpa – ouviu repentinamente - Esta é a cidade dos magos. Está em segurança, entre amigos.
A jovem virou-se, bruscamente, para ver de onde vinha tal resposta. Ainda esforçava-se para que seu corpo não afundasse por completo, quando viu aquela estranha figura. Era um homem, vestido com um estranho manto carmesim. Tinha cabelos compridos, olhos escuros e gentis. Aproximava-se do lago, com os pés descalços. Estava a alguns metros de distância, mas Izzy ouviu sua voz nitidamente, como se estivesse falando com ele frente a frente.
Os braços da garota já estavam cansados. Não conseguia mais manter-se boiando sobre a superfície do lago. Começou a afundar. Lutava para colocar a cabeça para fora, mas seus esforços pareciam inúteis. Num pequeno momento, em meio a esses esforços, viu aquele homem. Estava diante dela, flutuando por sobre o lago. Pensava ser um delírio que antecede a morte.
- Não pode ser real – afirmava dentro de si com plena convicção. Convicção que durou até o momento em que ouviu aquela mesma voz que ouvira antes dizendo: - Água já basta!
Imediatamente seu corpo parou de afundar. Era como se a água começasse a sustentar seu corpo. Agora se mantinha firme, com parte do corpo fora da água sem esforço nenhum. Olhou para aquele estranho indivíduo querendo agradecer-lhe, mas não saia voz alguma de sua boca. Estava perplexa demais para conseguir falar.
- Sou Eliot – disse o homem estendendo a mão em direção a jovem.
Izzy gesticulou com a cabeça em sinal de agradecimento e colocou, suavemente, sua mão sobre a dele. Neste momento seu corpo começou a emergir. Em poucos segundos estava completamente fora da água, contudo sentiu algo sólido sob seus pés. Olhou para baixo e o lago havia se solidificado, como se tivesse se transformado em vidro.
Todos os que estavam em volta do lago começaram a se aproximar.
- Eu morri? – perguntou a garota com a voz fraca.
- Não. Apenas retornou.
- Retornei? – indagou, agora com a voz mais forte.
- Venha comigo até castelo e todas as suas perguntas serão respondidas.
- Tenho que voltar para casa.
- Casa? Esta é sua casa.
- Não é real. Não pode ser real.
- Não duvide. É sua missão e seu destino.
Um estranho sentimento começou a tomar conta do coração de Izayoi. Que destino seria esse que a aguardava?

3 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns Mi... vc me surpreendeu...
Como pode pensar em toda essa estória??? Parece que a cada capitulo não estou conseguindo ficar sem pensar no próximo...

Samuel Medina (Nerito Samedi) disse...

Puxa... incrível... Uma aventura que eu sempre quis escrever. Estou com inveja de você, sabia?

Anônimo disse...

Me apaixonei a primeira vista pelo eliot,,, se não tiver par romantico poe ai uma "Rê" pra fazer par com ele!!! ahhh e não esquece q ela é louca por ele!!!! Ele pode dar umas pisadinha, vai??? mais pouco enh.... iauHIAUHiauHIAUhaiuHAIUH
bJSSSS